domingo, 18 de junho de 2017

Depois de consumada a transferência para o Bétis...o Jornal "A BOLA" entrevista "Chico" Vital.


Na edição, de 4 de Fevereiro de 1980, o Jornal "A BOLA" realizou um artigo/entrevista com Francisco Vital, no seguimento da sua transferência para o Real Bétis de Espanha...titulando: "Vital no futebol espanhol...Sou jogador de área e não viro a cara à luta".

Começando o artigo e a respectiva entrevista, assim: "Vital casou anteontem (2 de Fevereiro) na Igreja de Santiago de Antas, em Vila Nova de Famalicão, com Maria José Carneiro Barroso e não poderia ter vivido, horas antes de dar o «nó» momentos mais agitados. Ia alta a madrugada de anteontem quando partiu para Famalicão para dar a notícia à sua «futura» esposa e aos seus da consumação da transferência para o futebol espanhol.

Vital, apesar da sua vontade, esteve sempre céptico em que o negócio se concretizasse. E a coisa esteve, mesmo, feia, quando lhe foi dito que iria para o Bétis «à experiência».

Vital reagiu, quis abandonar a mesa das negociações que foram interrompidas algumas horas para que os dirigentes béticos que se deslocaram ao Porto (o tesoureiro Francisco Borbollo, e o secretário, Gerardo Martinez) contactassem telefonicamente o presidente do clube (Juan Manuel Mauduit).

Ás duas horas da manhã de sábado - e, então, já em casa do director do futebol profissional portista, Jorge Nuno Pinto da Costa, e não no Hotel Dom Henrique - foram reatadas as negociações, agora com a presença do empresário Roberto Dale, com plenos poderes para fechar o negócio.

Vital assinou, como a «Bola» noticiou anteontem, com o Bétis, um contrato que lhe vai proporcionar mais de três centenas de contos mensais, considerando «luvas» e ordenado (e sem considerar prémios e diárias nos estágios, além de casa para viver). Ontem (03 de Fevereiro), em dia de núpcias, conseguimos contactar Vital, que nos confirmava a sua satisfação pelo passo dado e nos dizia da sua confiança em conseguir impor-se no difícil futebol espanhol.

- Tenho características para me adaptar com facilidade. Sou jogador de área e não viro a cara à luta. Não me vou intimidar com a dureza dos espanhóis.

- A sua época (1979/80) vinha sendo bastante promissora - observamos.

- Sim, realmente - confessaria Vital - parece que tinha deixado de ser, no F.C. Porto, um avançado azarento. Nesta época, em seis ou sete jogos, fiz meia dúzia de golos, entre o Nacional e a Taça. Parece que não é mau. Há que ver que eu não entrava em todos os jogos de início e assim um jogador não é a mesma coisa. Faltava-me a rotina do lugar e uma certa confiança que se adquire jogando sempre. Estou convencido de que a ser utilizado normalmente, o meu rendimento subiria imediatamente.

- Que razões o levam a transferir-se para o futebol espanhol?

- Razões de ordem financeira, em primeiro de tudo e depois, também a oportunidade de poder demonstrar todas as minhas possibilidades para fazer grandes contratos.

- Este não é?

- É, em relação aos que se fazem no futebol português. Eu não tinha possibilidades de fazer o mesmo contrato com nenhuma equipa portuguesa actualmente. Mas tenho confiança de que hei-de fazer contratos mais vantajosos.

- Para um começo de vida...

- É muito bom. Mas não me posso queixar. Tenho ganho algum dinheiro e tenho-o investido.

- A casa que tinha acabado de montar?

- Não há problema, fica montada e bem entregue, à espera do meu regresso.

- É verdade que Pedroto não o queria deixar sair?

- É. Ele queria que eu continuasse e nem sequer me falou de nada. Eu é que fui ter com ele e lhe confessei a minha vontade de ir, se as condições fossem as que me falava o [António] Oliveira. Ninguém me influenciou a tomar a decisão que tomei. O Oliveira teve um contacto comigo, os dias foram-se passando e só na sexta-feira (1 de Fevereiro) me foi posto o problema em termos concretos.

Vital no Bétis. Uma transferência meteórica"...


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Na mesma edição, António Oliveira fala da transferência de Vital dizendo:

"- Acha que Vital vai conseguir impor-se no futebol espanhol?

- O Vital reúne as características perfeitas para se adaptar ao futebol espanhol. Dentro de pouco tempo irá dar muito que falar em Espanha.

- Quem indicou o Vital ao Bétis?

- Fui eu que o indiquei e os seus dirigentes contrataram-no porque acreditaram em mim e são meus amigos [faço uma ressalva, nesta afirmação, por achar que o interesse no "Chico" já vinha desde a pré-temporada quando ele marcou, nas Antas, dois golos ao Bétis]

- Mas o Bétis queria o Vital, primeiro à «experiência».

- Queria, mas como é que um jogador como o Vital «internacional» como ele por todas as selecções apenas com vinte e cinco anos de idade, um jogador que tem uma «higiene de vida» estupenda, poderia ir «à experiência» por qualquer clube?. Naturalmente que não podia ser e eu fiz ver isso aos dirigentes do Bétis e ao empresário".

Fase das negociações com vista à transferência do
"Chico" Vital para o Bétis. Os dois dirigentes béticos
trocam impressões com António Oliveira e Vital.
Imagem: Jornal "A BOLA".
 

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